segunda-feira, 18 de janeiro de 2010

Dominguante

Nas tardes de domingo não amo,
odeio.
Me odeio
odeio quem eu amo.

Nas tardes de domingo não corro,
nem ando.
Me arrasto
em busca de algo que não sei.

E quando vem a noite de domingo,
me devolver na cara
tudo o que eu não sou
tudo o que eu não consigo
todos os ideais que eu abandonei...

quando vem a noite de domingo,
me trazer toda a felicidade fingida
durante a semana,
as frustrações engolidas a seco
em toda a vida,
as perdas,
as saudades,
os amores que já se foram

ah, é o mar que vem devolver às pedras
os insultos do vento
moldando a pedra firme
como uma massa inconsistente...

ninguém vê
a onda bate, dói.
leva um pouco
traz de volta
e bate de novo
até que a pedra se acabe de vez.

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